Engrandecer o átomo á totalidade da existência,
Cada fragmento contendo em si uma eternidade,
Poção dourada com reflexos do tempo que não o agastam,
Percorrendo-o vivo e cintilante iluminando e projectando todo o seu ser,
É levado a galope sonolento pelas horas e pelos milénios,
Alimentando-se do conhecimento,
Átomo de essência divina inteiramente terrestre,
Mítico mas real contendo tanto bem como mal,
Matrimónio fiel entre o céu e o inferno,
Flúi nos impulsos dos instintos animais,
Vibra no estrondo da trovoada,
Voa nas areias dos desertos,
Alimenta a violenta natureza humana,
Salpicando no mar de sangue perdido de guerras em vão,
Veia latejante do pescoço dum tirano,
Enche a semente e a criança de potenciais descomunais,
Dança nas criações das maiores mentes,
E descansa na continuidade do despertar de novas ideias,
Fere imenso pelo mal necessário do ser humano,
É a espuma das ondas que se atiram a terra indiferentes ao século,
Á beleza ao desespero, á alegria e á morte,
Canta dos quatro cantos desta esfera,
Acorde final da musica celestial,
Raio do sol nascente de cada nova era da humanidade,
Pai e fruto da nossa esmagadora evolução,
Formula lírica, incandescente e sóbria de todo,
Resumindo-se também a um só ser que o descreve,
Eu, que são tudo mas nada,
Inevitavelmente finito mas de espírito e constituição infinita.
Pretendo tentar honrar, dentro dos limites angustiantes da língua e da palavra,
Tendo em conta a minha tremenda insignificância,
Venerando a importância dos nossos feitos e do que conseguiram os nossos antepassados,
A beleza imensa que nos rodeia, cria, envolve e consome, que me enche e me deixa pálido de delírio e gratidão em eterna devoção,
Louvo a existência.
